Qual o seu sentimento sobre investimentos nesse momento?
O que fazer quando bater aquela sensação de euforia ou depressão nos nossos investimentos?
Durante várias semanas vejo noticiários sangrentos sobre investimentos, política fiscal do país, impacto cambial, aumento de juros e para piorar a eminente mudança na presidência do Banco Central. Com a saída do Roberto Campos Neto e entrada de Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Lula paira no ar se o Bacen permanecerá independente ou se submeterá aos acordos políticos. Contudo, você parou pra pensar que talvez esse seja um dos melhores momentos da década para realizar o balanceamento da sua carteira (asset allocation) e aumentar seus aportes na renda variável?
Por que digo isso neste momento?
Simplesmente porque os gringos estão vendendo nossos papéis loucamente e isso puxa vertiginosamente os preços para baixo. Obviamente existe uma série de problemas acontecendo no país, não podemos negar isso. Apesar disso estamos longe de viver num país como a Suíça ou Noruega! Ainda assim é exatamente nesses momentos de desânimo, de medo e receio que conseguimos alocar nossa carteira nos ativos mais resilientes. Em outras palavras, podemos escolher com calma as melhores empresas, os melhores fundos imobiliários, até mesmo conversar com excelentes analistas e gestores. A maioria dos FIAs sofrem resgate em massa pelo pânico do “investidor-médio” ou vulgo “sardinha” e eles estão disponíveis para conversar e reter a base de clientes.
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Piores ou Melhores Investimentos
O pior investimento é aquele feito numa boa empresa, mas ao preço caro demais! Já deve ter visto algumas empresas avaliadas em 150 x o Preço/Lucro não é mesmo? Geralmente o que acontece depois é bem simples: um salto sem paraquedas! Ainda assim, vez ou outra brinco com alguns clientes, que apesar disso, dá pra ganhar dinheiro com empresa ruim. Tudo depende do preço que pagamos!
Mas particularmente, prefiro selecionar boas empresas, avaliar as decisões ao longo do tempo, como a governança corporativa, a exemplo da maneira como é distribuído os bônus e salários da diretoria. Até mesmo porque existem sócios majoritários que não querem os minoritários na empresa, um bom exemplo disso é a Petrobrás, afinal, quantas vezes você já viu pessoas do governo federal falando que a empresa paga dividendos excessivos e que isso é errado? A minha opinião nisso é bem simples, empresa que não gosta de minoritário deve fechar o capital e ponto! Bem como também não costumo comprar nenhuma ação em IPO, simplesmente porque não tem base histórica pra avaliar as decisões da empresa, por mais que fique de fora da “oportunidade” da vez, prefiro preservar capital e ter um pouco mais de segurança nas informações quando faço minhas aplicações.
O gráfico abaixo mostra a realidade nua e crua que vivemos atualmente, somente em 2024 houve mais de R$ 30 bilhões em venda dos gringos.
Vamos falar algo que vai além dos gráficos e planilhas: a psicologia dos ciclos e isso muitas vezes refletem os vieses comportamentais que temos, nossos anseios, nossos medos pessoais, até mesmo as dificuldades que já passamos ao longo da vida influencia. Sabe aquela preocupação de não saber se conseguirá pagar a mensalidade da escola dos filhos, o IPVA do carro ou se consegue trazer todos os souveniers que gostaria de uma viagem internacional para a família? Tudo isso impacta nossas decisões ao longo do tempo!
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Ciclos de Econômicos e Ciclos de Crédito
Como o escritor Howard Marks, fundador da Oaktree Capital, no seu livro Ciclos de Mercado nos perguntaria: “Em que ponto desse primeiro gráfico nós estamos?” Em todo o livro, podemos ler repetidas vezes sua preocupação com os Ciclos de Créditos, com questionamentos sobre o acesso a financiamento, aquisição de maquinários, renovação de estoques, troca de veículos e mesmo se o crédito imobiliário esta ou não restrito em determinado momento. Então, se o crédito está escasso, esse pode ser um indicativo muito forte que a janela de oportunidade está aberta! Mas quanto tempo ela ficará aberta? Ninguém sabe responder isso e por essa razão gosto de usar aquela analogia famosa: se eu posso acertar a mosca, por que quero acertar o seu olho? Acertar a mosca já é difícil demais gente!
Quem nunca sentiu aquele frio na barriga ao ver a bolsa despencar ou uma euforia contagiante com o noticiário de alta histórica, não é mesmo? Precisamos definir uma estratégia clara pra esses momentos, caso contrário, tomaremos péssimas decisões, seja de compra ou de venda.
Os ciclos econômicos, velhos conhecidos dos economistas, são quase como as estações climáticas e suas mudanças repentinas, mas no mercado financeiro possui algumas características bem definidas: expansão, auge, contração e fundo do poço (depressão). Esses movimentos não são novidade, mas, ainda assim, conseguem mexer com as nossas emoções. Em tempos de expansão, vemos o PIB crescendo, os juros baixando, o emprego aumentando e o consumo a todo vapor. É uma festa! Até que, de repente, uma nuvem aparece no horizonte e… bem, você conhece o resto da história, afinal, estamos no olho deste furacão neste momento. Se você ainda tem dúvida disso, quero trazer mais um ponto: guerras na Europa e no Oriente são boas evidências globais deste problema.
O mundo está mudando rapidamente, por isso os gringos estão levando a grana pra um lugar “seguro”, com medo de deixar a grana estacionada num país em desenvolvimento, com risco jurídico, com risco político e cujas regras podem mudar a qualquer momento.
Um dos termômetros desses ciclos é a nossa moeda. Nos últimos meses, o real tem vivido dias difíceis, tornando-se uma das moedas mais desvalorizadas do mundo. Isso ocorre quando investidores estrangeiros, temendo instabilidades, decidem tirar seus recursos do país — um fenômeno conhecido como fuga cambial. Com menos dólares circulando por aqui, o real perde valor, e essa dinâmica reflete não só no mercado financeiro, mas também na economia do dia a dia. O pãozinho na padaria vai ficar mais caro em breve (importamos Trigo da Argentina). Mesmo com leilões bilionários do Bacen, nós ainda continuamos com o dólar acima dos R$ 6,00 neste momento que escrevo.
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Sentimentos a flor da pele
Agora, vem a pergunta que não quer calar: como você está se sentindo em relação ao mercado financeiro e às decisões políticas recentes? Sério, vale a pena parar por um minuto e refletir. É fácil se deixar levar pelo pessimismo em tempos de baixa ou pela euforia em tempos de alta. No entanto, tomar decisões impulsivas pode ser um tiro no pé para os seus investimentos.
Talvez você esteja pensando em reduzir sua exposição à renda variável. Ou, quem sabe, aproveitando as “promoções” de mercado para aumentar os aportes. Seja qual for a sua estratégia, o mais importante é manter a calma e lembrar que os ciclos fazem parte do jogo. Não é à toa que Warren Buffett, o oráculo de Omaha, sempre diz: “Seja ganancioso quando os outros estiverem com medo, e temeroso quando os outros estiverem gananciosos”.
Por fim, uma dica de ouro: use os indicadores econômicos como aliados. Fique de olho no PIB, nas taxas de juros, no nível de emprego e no consumo. Eles são como placas de sinalização em uma estrada sinuosa, ajudando você a entender onde estamos no ciclo econômico.
Entender o contexto macroeconômico e gerenciar suas emoções é o que separa os investidores bem-sucedidos dos que abandonam o barco na primeira tempestade. Portanto, coloque o cinto de segurança, confie na sua estratégia e lembre-se: depois da tempestade, sempre vem a bonança. Ou, no caso do mercado financeiro, a próxima fase do ciclo!
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A sua e a minha carteira de investimentos
Só a titulo de exemplo, quero trazer um ativo que tenho na carteira a bastante tempo, tenho comprado continuadamente desde as eleições presidenciais, como vitória do Lula, inclusive pode ler aqui o artigo que escrevi em 2023 sobre minha carteira. Somente neste último mês o Fundo Imobiliário Devant Agro – DCRA11 caiu cerca de 17% atingindo o patamar de R$ 6,00 (seis reais) por cota. Ou seja, se nos próximos meses ele continuar distribuindo os mesmos R$ 0,10 (dez centavos) por cota, ele vai atingir cerca de 1,65% ao mês de dividendos. Obviamente isso aqui não é uma recomendação pra você comprar esse ativo. Quero ressaltar que eu o conheço suficiente para determinar a continuidade dos meus aportes, conheço as empresas que estão no seu portfólio, estou ciente dos riscos de eventuais Recuperações Judiciais no Agronegócio e que estão batendo recordes no Brasil em 2024.
Mas o que quero aqui dizer é que existem inúmeros ativos em patamares muito interessantes para investir. Desde ações até os Fundos Imobiliários. Mas em primeiro lugar é necessário conhecer a si próprio, saber o quanto você tolera de risco e o quanto você está disposto à aplicar em renda variável e qual o percentual cada ativo terá participação em sua carteira. Eu conheço os meus limites e eles são bem altos e os seus? Até onde você está disposto a seguir?
Eu fico com meus aportes gradativos, a cada 15 dias porque existem distorções de preços constantemente e faço balanceamento com frequência na carteira. Uso os limites de isenções tributárias quando necessário vender certos ativos. Só pra ficar bem claro pra vocês, se um ativo da carteira sobe 10% no mês e outro cai 10%, a chance de aportar nesse que caiu é maior, inclusive com os recursos que caem de dividendos rotineiramente.
Fico a disposição, caso queira bater um papo sobre algum ativo específico da sua carteira ou mesmo sobre o momento do ciclo econômico que passamos no país, no entanto, caso queira conhecer um pouco mais sobre o DCRA11 e outros ativos, clique aqui e assista esse podcast em nosso canal do yotube com a Diretora de RI da Devant Asset.
Um grande abraço e Feliz Natal! Cassio Souza – Fundador do Finance Talks.